segunda-feira, 12 de outubro de 2009


infância

ao relento
uma esperança
dorme

invento
uma nova criança
tento

relembro
aprisionada em tantas questões
rio com lágrimas

não tenho urgência em responder
estou acostumada a esperar
e não acredito na pressa

como convém, falarei
quem vive ou passa por aqui,
já viu os castelos na areia

ou mesmo já os fez, de um jeito ou de outro

quem nunca construiu castelos de areia, ah!
que coloque a primeira pedra e materialize alguma obra

qualquer uma,
digna do homem
e do seu trabalho

qualquer uma, desde que perene

qualquer uma,
ainda que intangível
mas que possa dizer:

rio de janeiro
rio de fevereiro
e rio de março

rio da chuva
impiedosa e brutal

rio das águas
sobre as quais
a cidade se fundou

rio com sal
rio com mar
o rio dos rios

pedacinhos
da cidade fragmentada
miríades de imagens
em mais um outubro a desafiar o rio...


Um comentário:

João Esteves disse...

Esse texto aí estava faz alguns dias e eu nem tinha visto.
Como você sabe, tenho bem pouco feito andanças blogosfera a fora. trabalhjo em ritmo suicida deixa pouco de nós pra nós mesmos.
Mas ele é demais, Márcia!
Infância é sério, é meio assim tristonho, sei lá. Nada infantil.
Rio é curso d'água e também forma do verbo rir.
Com os braços abertos no cartão postal...
São recorrentes as imagens de algum conteudo arquitetônico no que você escreve. Dó pra entender, no seu caso. Fosse você médica, advogada, maestrina, também viriam os respectivos temas correlatos, ora esparsos, ora concentrados. Também há alusão ao texto bíblico.
Achei uma viagem muito interessante essa leitura.
Beijos