domingo, 7 de janeiro de 2007

naquele dia

o botequim naquele dia

- parece que já faz tempo -

mas dentro de mim parece

que nunca terminou

aquela noite eu quis

que nunca tivesse fim

te amava então

como te amo hoje

madrugada:

caravelas

velas ao mar

alto mar

voltar

chegar à beira mar...

ancorar em porto seguro enfim

descobrir o caminho

de um novo mundo

plantar meus segredos

em terra firme

pra que florescessem

abricós-de-macaco

e se abrissem

em cheiro

em corpo

em palavras pra você

eu louca eu mansa

com meu amor justifico

tua presença

ao meu lado,

visconde dos incêndios

e das embarcações.

não basta

tenho visões da eternidade

na capela da santa do fogo

onde ainda peço um milagre

em praças desta república

(milagre seria

o amor

que me é negado)

a rua vazia de gentes e de sons

as flores murchas

o ar parado

não era chegada a minha hora:

no sobe-e-desce

desta gangorra

fiquei de fora

viro as costas

pra beira mar

sinto na boca

o gosto do sal

partir

sem rumo certo

nem destino conhecido

perder meu norte

meu sul

meu leste

meu oeste

alto mar

me leva

pra longe

deste botequim