o botequim naquele dia
- parece que já faz tempo -
mas dentro de mim parece
que nunca terminou
aquela noite eu quis
que nunca tivesse fim
te amava então
como te amo hoje
madrugada:
caravelas
velas ao mar
alto mar
voltar
chegar à beira mar...
ancorar em porto seguro enfim
descobrir o caminho
de um novo mundo
plantar meus segredos
em terra firme
pra que florescessem
abricós-de-macaco
e se abrissem
em cheiro
em corpo
em palavras pra você
eu louca eu mansa
com meu amor justifico
tua presença
ao meu lado,
visconde dos incêndios
e das embarcações.
não basta
tenho visões da eternidade
na capela da santa do fogo
onde ainda peço um milagre
em praças desta república
(milagre seria
o amor
que me é negado)
a rua vazia de gentes e de sons
as flores murchas
o ar parado
não era chegada a minha hora:
no sobe-e-desce
desta gangorra
fiquei de fora
viro as costas
pra beira mar
sinto na boca
o gosto do sal
partir
sem rumo certo
nem destino conhecido
perder meu norte
meu sul
meu leste
meu oeste
alto mar
me leva
pra longe
deste botequim