terça-feira, 16 de janeiro de 2007

lembra?

lembra?

lembra quando você disse

- agora vou virar de lado, encosta em mim

e eu tão feliz obedeci

como é bom colocar o rosto no teu cabelo

os seios roçando as tuas costas

o sexo nas tuas nádegas

pernas entrelaçadas

pés ancorados aos teus

e lentamente

beijar teu pescoço, tuas orelhas

as mãos acariciando todo o teu corpo

e tua pele macia

de cima a baixo

não esqueço o arrepio de prazer

virar-te para mim

e encontrar teus olhos inexplicáveis

ainda sem tradução

- qual esfinge

te traduzo ou te devoro? -

e mais uma vez

te comer

com minha boca gulosa

minha língua sedenta por você

só tua fonte mata a minha sede

meus dentes mordem tua carne quente

e eu bicho no cio

te quero mais

lembra?

lembra sim

adormecer no gozo

no cansaço

no abraço

dos meus braços

e da distante lua crescente

Um comentário:

João Esteves disse...

Que força mnemônica deve ter tido tal momento!
Não seria de se esquecer, não.
É, e de lembrança em lembrança poetizam-se coisas e coisas, casos e casos, sentires e quereres.
Cada leitor terá contrapontos memoráveis na própria vida que incluam pulsares de Eros, claro.
Assim a vida é. Que seja.
Parabéns pelos versos.
Um prazer só, sua leitura.