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la marseillaise
a um canto alguém cantarola la marseillaise
não vejo de onde vem o som indignado,
mas o distingo bem
contra a tirania, me solidarizo em qualquer lugar
empunho também minhas armas e forjo meus batalhões:
todas as palavras se enfileiram e tentam dar sentidos à vida,
se insurgem contra o discurso vazio
‘sentido’ é o que buscamos
porque você, assim como eu, [e nisso somos um]
não acreditamos na sedução, no canto das palavras
no entanto
em algum canto,
alguém há que ainda confie
e cante
infância
ao relento
uma esperança
dorme
invento
uma nova criança
tento
relembro
aprisionada em tantas questões
rio com lágrimas
não tenho urgência em responder
estou acostumada a esperar
e não acredito na pressa
como convém, falarei
quem vive ou passa por aqui,
já viu os castelos na areia
ou mesmo já os fez, de um jeito ou de outro
quem nunca construiu castelos de areia, ah!
que coloque a primeira pedra e materialize alguma obra
qualquer uma,
digna do homem
e do seu trabalho
qualquer uma, desde que perene
qualquer uma,
ainda que intangível
mas que possa dizer:
rio de janeiro
rio de fevereiro
e rio de março
rio da chuva
impiedosa e brutal
rio das águas
sobre as quais
a cidade se fundou
rio com sal
rio com mar
o rio dos rios
pedacinhos
da cidade fragmentada
miríades de imagens
em mais um outubro a desafiar o rio...